quinta-feira, 29 de abril de 2010

DIAS DAS MÃES.

"Mãe desnecessária"

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouví de um amigo psicanalista esta frase e ela sempre me soou estranha.
Até agora.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a supermãe que todas temos dentro de nós, lembro da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isto.
Ser "desnecessária" é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e depedência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vinculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria familia e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância e na divergência, no sucesso ou no fracasso, com peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe solidários criam filhos´para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser desnecessários, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidem atracar.

(MARCIA NEDER)

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